cronica de uma morte anunciada

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terça-feira, 13 de abril de 2010

A dor estranha

"Acordei sentindo uma dor estranha. Parecia que tava no corpo todo. Parecia que não tava em lugar algum. Não sabia como localizá-la. Então, corri para o médico e relatei minha angústia:
- Dotô, num sei direito o que que eu tenho, mas tá doendo um tantão.
- Onde dói? - ele me perguntou com tom profissional, mas sem olhar na minha cara.
- Num sei dizer muito bem, mas parece que tá nos ossos, sabe?
- Vamos fazer uma radiografia e um exame de sangue.
E assim foi feito. No dia seguinte, com os exames em cima da mesa, o douto clínico concluiu:
- Você não tem nada de errado. Na verdade, o que acusa o seu exame de sangue é que você é uma pessoa bem saudável. A sua radiografia é também perfeita, exceto por uma leve escoliose. É na coluna que você sente dor?
- Não, dotô. É em tudo e em lugar nenhum. Não sei te explicar essa dor, mas é uma coisa que parece que tá me corroendo por dentro. Num tô mais aguentando!
- Talvez seja uma inflamação. Talvez seja frescura sua - ele disse em voz baixa.
- Quê?
- Talvez seja uma inflamação. Tome este anti-inflamatório - ele falou, me passando uma receita.

Antes de ir para casa, passei na farmácia e comprei a droga do remédio. Tomei-o sem vontade, mas segui à risca a prescrição. De 6 em 6 horas, depois de cada refeição. No entanto, a dor permanecia. Me consumia. Me torturava. Mudava de lugar. Estava no peito do pé. Estava no pé da orelha. Estava na minha cabeça. No fígado, no pâncreas, nos rins, no sangue, nos nervos, nas unhas e nos cabelos.

Desesperada, parti para a medicina oriental. Um acupunturista cearense me fez várias perguntas pessoais, me enfiou umas agulhas e voltei para casa, acreditando que aquele careca com uma única trancinha no alto da cabeça haveria de salvar a minha vida. Mas, de novo, acordei com a dor e, desta vez, ela veio ainda mais forte, mais profunda e pontiaguda.

Não sabia mais o que fazer. Minha aflição só aumentava. Estava mais do que atordoada. Queria minha salvação. Fui a um terreiro de candomblé, tomei chá Matte Leão, virei de ponta cabeça, dei 1000 pulos e viajei de avião. Mas a dor, ai! A dor! Ardia, queimava, corroía, maltratava.

Eu senti que precisava me drogar para fugir daquilo. Bebi, fumei, cheirei, injetei, alucinei, perdi a cabeça! Mas droga nenhuma me satisfazia. Eu queria uma droga que nenhum homem possuía o dom de inventar. Eu queria a droga. Eu queria A Droga! A droga do seu abraço. Foi aí que entendi que aquela dor era só saudade."

Fonte: Blog das 30 Pessoas.

4 comentários:

  1. Ola Filhota

    Tudo bem? bateu saudadinha grande da minha barbarucha. Pelos seus posts estou entendendo por quer psicologia, eheheeh.
    Como foi na embaixada??
    Beijos te amo montao

    Papi

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  2. Muito obrigada pelas boas-vindas...
    teu comentário foram mais do palavras, acho que foi até um consolo.

    Gostei muito do post, imprevisível e reconfortante..bom saber que não sou a única dolorida por aqui, haha.

    beijos

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  3. Que lindooooooooooooooooo! Adorei!

    Beijo da primona!

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  4. Babi!! Mi amor!!

    Saudades de você, priminha.

    Besos, Kathy.

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